O fósforo (P) é um importante nutriente para as plantas e também para os animais. Esse elemento muitas vezes entra no sistema solo-planta-animal como um ingrediente do alimento, principalmente quando os animais recebem uma grande quantidade de alimento concentrado.
Isso passa a ser mais intenso quando o concentrado é formulado com ingredientes que são subprodutos da agroindústria, pois estes possuem uma alta concentração de P, o qual é absorvido e retido em pequena proporção pelos ruminantes, sendo a maior parte excretada nas fezes.
Quando as fezes são subseqüentemente usadas como fertilizante no solo, menor a necessidade de entrada com importação de alimentos ou ingredientes (concentrados). Porém, com o decorrer dos anos o fósforo pode acumular-se no solo, tornando-o saturado, infiltrar-se, atingindo o lençol freático ou permanecer dissolvido na água de superfície levando a eutrofização.
Os animais domésticos utilizam o fósforo ineficientemente, excretando de 60% a 80% do consumido. As exigências de fósforo pelos bovinos de corte, de acordo com o Nutrient Requirements of Beef Cattle – NRC (1996) – são calculadas usando um método baseado no peso corporal atual, taxa de ganho de proteína, raça, produção de leite e peso fetal nos últimos três meses de gestação, para vacas e novilhas.
Knowlton e colaboradores, em artigo publicado em 2004 no Journal of Animal Science, reportaram que em geral, excessos de fósforo na dieta estão associados a:
- Percepção de que dietas com alto nível desse elemento melhoram o desempenho reprodutivo;
- Não detecção das variações entre o conteúdo de fósforo dos mesmos alimentos de diferentes fontes ou entre alimentos distintos;
- Inconsistência entre as recomendações de exigências preconizadas pelo NRC (1996) e as recebidas pelos produtores através dos “técnicos”;
- Inclusão de alimentos naturalmente muito ricos em fósforo.
A melhoria da disponibilidade do fósforo do alimento permite que o nível necessário do mesmo nos tecidos seja atingido com uma menor ingestão, reduzindo-se o conteúdo de fósforo da excreta. Com 5% de melhoria na disponibilidade de fósforo nas rações e conseqüente redução da ingestão, poderia ser diminuída em 15% a excreção de fósforo das vacas, reduzindo-se assim significativamente o potencial de poluição das superfícies aquáticas (Knowlton e colaboradores, 2004).
A proporção do fósforo não excretada nas fezes é o que é chamado de fósforo disponível. O metabolismo do fósforo em ruminantes é um pouco mais complexo pelo fato de que uma significativa quantidade desse elemento é incorporada pela massa microbiana, como componente dos ácidos nucléicos e fosfolipídios. A reciclagem do fósforo por meio da saliva é de substancial importância em ruminantes e pode exceder a excreção fecal em 5 a 10 vezes.
Uma significativa parte do fósforo presente nos alimentos está na forma de ácido fítico, uma forma na qual o fósforo não é disponível para os animais monogástricos devido à falta da enzima fitase. Apesar de 85% do fósforo nas forragens estar na forma de fitato, no rúmen ele é completamente hidrolisado, com coeficiente de digestibilidade de 0,65 a 1,0. Assim, como o metabolismo e a excreção fecal de P são estreitamente relacionados com a ingestão do nutriente, a adequação do nível de fornecimento às exigências da categoria a ser suplementada é a melhor forma de reduzir suas perdas.
Como no caso dos outros nutrientes, o incremento produtividade por animal permite que a demanda por leite ou carne seja satisfeita com menor número de animais, reduzindo-se a excreção total de fósforo nos dejetos e ainda, a relação fósforo no produto final:fósforo ingerido, melhorando a sua assimilação pelos animais, reduzindo o fósforo residual no meio ambiente (relação P no dejeto: P na carne ou leite). Finalmente, as exigências de nutrientes dos bovinos variam de acordo com o estado fisiológico (incluindo mudanças nas taxas de ganho), nível de produção e idade.
Desse modo, as dietas formuladas a partir do conhecimento prévio das exigências dos grupos homogêneos de animais podem reduzir os excessos alimentares, reduzindo também o conteúdo de fósforo nos dejetos. Através da união de vários fatores como melhor produtividade, maior acurácia na interpretação das exigências para dietas com formulações mais precisas e ainda (necessita-se de mais pesquisas) a adição da fitase nas dietas, podem-se reduzir as perdas de fósforo nas fezes em 40% a 60% para as aves e suínos e em cerca de 25% a 40% em ruminantes (Knowlton e colaboradores, 2004).