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Fosfato de rocha e as restrições de seu uso em suplementos minerais

As restrições ao uso de fosfato de rocha em suplementos minerais
Dr. Antonio Ferriani Branco

Antes de fazermos uma simulação prática do uso de Suplemento Mineral com inclusão de Fosfato de Rocha vamos destacar as exigências da Instrução Normativa 1, de 2 de maio de 2000, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que regulamenta esse assunto.

Tabela 1 – Exigências em relação à composição do fosfato de rocha
UmidadeAté o teor máximo de7,00%
CálcioAté o teor máximo de20,00%
FósforoO teor mínimo de9,00%
FlúorAté o teor máximo de1,50%
Informar o nível mínimo de solubilidade do fósforo (P) em ácido cítrico a 2%.

Outras exigências estão no artigo 2º itens III e IV:
Art. 2º No rótulo ou etiqueta do fosfato de rocha deve conter, em local visível e em destaque, os seguintes dizeres:
III – Este produto não pode exceder o limite máximo de 30% (trinta por cento) do fósforo inorgânico das misturas minerais para bovinos;
IV – Observar o limite máximo de 40 ppm (quarenta partes por milhão) de flúor na matéria seca da dieta.
Vamos considerar uma situação muito comum na prática.

Consideremos um rebanho de vacas de cria, com média de 450 kg de peso corporal, consumindo apenas pasto e suplemento mineral.

Consideremos que o suplemento mineral tem na sua composição um fosfato de rocha que atende à composição que deve ser observada na Instrução Normativa 1 de 2000, conforme Tabela 1, ou seja, 9% de P e 1,5% de F.
A inclusão de fosfato de rocha no suplemento é de 30% do P, conforme permitido no artigo 2º, item III.
O suplemento mineral contém 9% de P, ou seja, 90 g/kg e está sendo consumido pelas vacas na quantia de 100 g/dia.

Creep Feeding
Creep Feeding

Considerando a inclusão de 30% de fosfato de rocha temos o seguinte

  • 9% de P no suplemento mineral (90 g de P/kg);
  • 30% do P do suplemento (27 g/kg) é do fosfato de rocha;
  • Isso corresponde à 300 g de fosfato de rocha/kg de suplemento mineral ([27*100]/9);
  • Essa inclusão de fosfato de rocha fornecerá 4,5 g de P/kg ([300*1,5]/100);
  • O restante do fósforo é fornecido pelo fosfato bicálcico com 18,5% de P e 0,185% de F. Veja que o fosfato bicálcico tem uma relação P:F de 100:1, conforme recomendação internacional.

Para completar as 63 g de P/kg que faltam no suplemento mineral, temos que colocar 340,6 g de fosfato bicálcico ([63*100)/18,5)
Isso vai dar mais 0,63 g de F/kg de suplemento mineral.
Total de P no suplemento mineral = 90 g/kg (9%)
Total de F no suplemento mineral = 5,13 g/kg

Vamos considerar que as vacas consomem aproximadamente 100 g/dia desse suplemento mineral.
Isso dará um consumo de flúor de 0,513 g/dia ou 513 mg/dia
Considerando um consumo de matéria igual a 2,2% do peso corporal das vacas, teremos um consumo de matéria seca de 9,9 kg/dia ([450*2,2]/100)
Se dividirmos o consumo de flúor pelo consumo de matéria seca teremos uma concentração de 51,8 mg de F/kg de matéria seca, ou 51,8 ppm (513 mg de F/9,9 kg de MS)

É importante destacar que não consideramos a concentração de flúor da pastagem, que pode variar de 2 a 20 ppm.

Assim, constatamos que a concentração de flúor do suplemento mineral com fosfato de rocha é de 51,8 ppm e a concentração permitida pela IN 1 é de 40 ppm. Portanto, fique de olho no suplemento que está comprando. Observe os componentes da composição básica. Se tiver inclusão de fosfato de rocha observe se atende à Instrução Normativa 1. Veja que tanto no caso do superfosfato triplo, como no caso do fosfato de rocha, se incluídos na composição básica, deve ser indicado qual o percentual,
conforme exige o artigo 4º da IN 1 (veja abaixo).

Art. 4º No rótulo ou etiqueta dos produtos formulados com fontes de fósforo inorgânico e destinados à alimentação animal, deverá ser indicada a porcentagem destas matérias primas, independente de seus valores.

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